domingo, 14 de junho de 2009

Qual Dunga vai inspirar nossa seleção na Copa das Confederações?

Eduardo Henrique

No mundo do futebol é comum ouvir a seguinte frase: o time é a cara do técnico. Assim, se nossa seleção tiver a cara de Dunga, estamos bem. Ou não. A questão é saber qual característica do capitão do tetra vai ganhar mais espaço. A raça ou a falta de criatividade?

Pelo que se viu nos últimos dois jogos, a primeira tem tudo para se sobrepor. E quando se fala em raça, quem melhor poderia representar este ingrediente tão exigido pela torcida?

Um jogador de estilo duro, que não perdia uma dividida. Que brigava, gritava, exigia, discutia e chamava o grupo inteiro para comemorar um gol em um simples amistoso. Esse é o Dunga que todo brasileiro aprendeu a admirar.

Criticado na Copa de 90, foi o jogador que virou sinônimo de futebol fraco, feio e inoperante. Criatividade? Não com ele. A Era Dunga. É justamente desta Copa que tenho a mais antiga lembrança de um jogo de futebol: Brasil 0x1 Argentina.

Quatro depois, em 1994, virou o símbolo do tetra. Ganhou a braçadeira de capitão durante a Copa e não largou mais. Um dos líderes da equipe, estava tão a vontade, que se deu ao luxo de mostrar que também entendia de ataque. Chegou a dar um passe milimétrico para o “Baixinho” marcar um dos gols na vitória contra Camarões, ainda na primeira fase.

Na final, bateu um dos pênaltis que garantiu o tetra. Mas duas imagens ficaram mais fortes em minha memória. A vibração do capitão ao balançar as redes. E ainda: A comemoração misturada com desabafo na hora de receber a tão esperada taça do tetra. 24 anos depois do último título brasileiro.

Consagrado, chegou a 98 como o maior líder da seleção. Respeitado. E cheio de responsabilidade. Chegou a chamar a atenção de Bebeto em um simples amistoso contra Andorra, às vésperas do Mundial. Queria entrega. E essa mesma entrega se viu quando o time marcou um dos gols. Chamou todos os que estavam em campo para se abraçar. Queria união.

Quando assumiu a seleção como técnico, foi questionado. Criticado. Marcado. Rotulado. Veio a primeira competição. E com um time recheado de reservas, bateu a inimiga eterna. A Argentina. Na final. 3x0. Precisa dizer mais alguma coisa? Quem se lembra de uma derrota na primeira fase para o México?

Ou que nas semifinais só se garantiu nos pênaltis contra o Uruguai. Ah, valeu mesmo contra a Argentina. Despertou em alguns jogadores o espírito Dunga de se entrar em uma competição. Aquele mesmo de quando se vai para uma guerra. Robinho que o diga.

Mas aí vieram as Olimpíadas. E de novo, ficamos no meio do caminho. Qual a graça de ganhar um bronze enquanto nossos “hermanos” ficavam com o ouro? Ah Dunga! Porque colocaste em campo uma seleção sem tua alma? Ronaldinho que o diga.

E agora outro desafio. Copa das Confederações. Aparentemente uma competição sem importância. Não é o que a história conta. Emerson Leão que o diga. Foi demitido antes de desembarcar no Brasil após ser eliminado nas semifinais da competição em 2001.

Teremos a Itália pela frente. Tetracampeã do mundo. Teremos a Espanha pela frente. Campeã da Eurocopa. Competição também conhecida como “Copa do Mundo sem Brasil e Argentina”. Mas nós somos pentacampeões mundial.

Na última Copa das Confederações arrebentamos. 4x1 na Argentina. Na final. Robinho, Kaká, Ronaldinho e Adriano deram uma verdadeira aula de futebol aos colegas do país vizinho. Destes, apenas os dois primeiros estão na África do Sul. E agora temos Luís Fabiano, o Fabuloso, o grande “achado” da nova Era Dunga.

Vamos torcer para que o espírito do capitão do tetra seja incorporado. Quem sabe não entramos com “11 Dungas” desde o início? Êpa! Que fique bem claro. O Dunga da Copa de 94. Aquele que traz: Raça. Coragem. Respeito. Responsabilidade. Tudo como um aperitivo do que poderá vir daqui a um ano na mesma África do Sul.

Só que no verdadeiro desafio. A Copa do Mundo.